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Entendendo o Estresse e Desânimo

  • Foto do escritor: Pedro Pontes
    Pedro Pontes
  • 16 de ago. de 2024
  • 7 min de leitura


O estresse e o desânimo são respostas naturais a desafios e adversidades da vida. Contudo, suas características e manifestações podem variar entre estados normais e patológicos. Vamos explorar esses conceitos de forma detalhada, mas simplificada.




Estresse

Como se dá: O estresse é uma resposta fisiológica e emocional a situações que exigem adaptação ou superação. Ele pode ser desencadeado por uma variedade de fatores, como prazos no trabalho, relacionamentos complicados, mudanças na vida ou desafios pessoais.

Características:

  • Sinal Fisiológico: Aumento da frequência cardíaca, produção de hormônios como adrenalina e cortisol.

  • Efeito Motivacional: O estresse leve e moderado pode ser motivador, levando a um melhor desempenho e foco. Contudo se não for equilibrado, pode resultar em fadiga.

  • Reação Temporal: O estresse é normalmente temporário, diminuindo uma vez que o fator estressor é resolvido, ou retirado.

  • Resiliência: Indivíduos conseguem encontrar estratégias de enfrentamento saudáveis, como exercícios, meditação, esportes, apoio social, terapia, entre outros.


Desânimo

Como se dá: O desânimo é uma sensação de perda de motivação ou energia em relação a atividades cotidianas, podendo ser resultado de cansaço físico, sobrecarga de tarefas ou desilusões.

Características:

  • Sentimento Passageiro: O desânimo ocorre de forma episódica, especialmente após experiências negativas ou estressantes, mas geralmente é superado. (Exemplo: Domingo a noite bate o desânimo -> pode indicar algumas questões de ordem: 1-psicodinâmico; 2- diagnótico; vou retomar esse assunto ao longo do artigo.

  • Fadiga Leve: Pode se manifestar como cansaço, mas não impede a realização de atividades.

  • Reflexão e Reavaliação: As pessoas podem usar o desânimo como uma oportunidade para reavaliar seus objetivos e prioridades, relacionamentos, projetos, sentido de vida, entre outros.


Mas quando eles se tornam doentios?


Estresse Patológico

Como ocorre: O estresse se torna patológico quando se torna crônico, ou seja, quando a pessoa está continuamente exposta a fatores estressores sem conseguir relaxar ou se recuperar. Isso pode ocorrer em ambientes tóxicos (podem ser: casa, trabalho, projeto, etc.), situações de abuso ou falta de suporte social e profissional. Não raro, com pessoas que não tem com quem contar (ex: não ter alguém de confiança para compartilhar sem medo de ser exposto ou julgado, não reconhecer uma amizade verdadeira, medo de confiar em alguém, etc.).

Características:

  • Sintomas Físicos: Problemas de saúde significativos, como hipertensão, distúrbios digestivos, e problemas imunológicos.

  • Efeitos Emocionais: Ansiedade persistente, irritabilidade, depressão e dificuldade de concentração. Efeitos secundários: Choro persistente, falta de ar, desamparo.

  • Impacto no Funcionamento: Diminuição da produtividade, apresentação de dificuldades nas relações interpessoais e comprometimento do desempenho geral. Efeitos secundários: Fuga como mecanismo de defesa: na tentativa de não enfrentar o problema, cria-se/engaja-se em diversas atividades para não dar tempo de pensar no problema central.


Desânimo Patológico

Como ocorre: O desânimo torna-se patológico quando persiste por um período prolongado (geralmente mais de duas semanas) e afeta significativamente a vida diária da pessoa. Pode ser um sintoma de transtornos como a depressão maior ou distimia.

Características:

  • Dificuldade em Realizar Atividades: Um nível de desmotivação que impede a realização de tarefas cotidianas (higiene, limpeza, tarefas, trabalho, entre outros).

  • Alterações de Humor: Sentimentos de desesperança, tristeza intensa ou apatia.

  • Sintomas Físicos: Fadiga extrema, alterações no apetite e no sono.

  • Diminuição da Qualidade de Vida: O indivíduo pode se isolar socialmente e desistir de atividades que antes considerava prazerosas. (Diminuição considerável de atividade sexual).


Em resumo

Tanto o estresse quanto o desânimo são reações normais e funcionais a circunstâncias da vida (quando passageiros), mas podem se tornar patológicos quando se prolongam e interferem na capacidade da pessoa de funcionar/viver normalmente em suas atividades diárias. A busca por estratégias de enfrentamento adequadas e, em alguns casos, apoio psicológico, é fundamental para prevenir a transição de estados normais para patológicos.

Como a Terapia Psicodinâmica Pode Ajudar a Gerenciar Estresse e Desânimo

A psicoterapia pode ajudar no caso de estresse e desânimo frente à vida ao explorar e revelar conflitos emocionais subjacentes, padrões de comportamento repetitivos e relações passadas que contribuem para o sofrimento atual do indivíduo, como disse Freud: “O passado não é passado se te afeta no presente”. Através da análise do inconsciente e da expressão de sentimentos, a terapia permite que os pacientes compreendam a origem de suas emoções, promovendo maior autoconsciência e facilitando a resolução de questões internas. Isso pode levar a uma modificação do comportamento, melhoria nas relações interpessoais e desenvolvimento de estratégias mais saudáveis para lidar com desafios emocionais, resultando em um maior bem-estar geral.


VAMOS EXEMPLIFICAR COM CASO FICTÍCIO?


Caso: Juliana um caso de estresse e desânimo.

Idade 33 anos.

Juliana, uma funcionária pública e estudante de pós-graduação de 33 anos, se sentia constantemente estressada com suas obrigações acadêmicas, profissionais e pessoais. O desânimo a impedia de aproveitar as coisas que a faziam feliz, embora grata pelo que conquistou, sentia uma constante sensação de vazio e falta de um sentido maior para a sua vida. Percebia que no trabalho fazia muito mais do que os outros, mas não era reconhecida da maneira como merecia, por isso havia conflitos interpessoais, isso lhe causava muita angústia. As obrigações acadêmicas estavam tirando suas horas de descanso, principalmente a noite. Na vida pessoal queixava-se de brigas com o noivo e sentia falta de sair com as amigas e isso lhe impõe uma profunda sensação de desânimo. Aos finais de semana, não consegue descansar ou relaxar por dois motivos: ou por conta dos afazeres acadêmicos ou por conta da autocobrança, que a fazia se sentir inútil caso tirasse um tempo para si.

Possível explicação para a história de Juliana: Juliana começou a entender que o estresse estava ligado a uma necessidade de agradar a todos ao seu redor e na inflexibilidade de seu desempenho pessoal, ou seja, autocobrança excessiva nas áreas de sua vida. Em sua adolescência sempre foi mais cobrada pelos pais em detrimento dos irmãos mais novos (dois irmãos meninos). Por ser a irmã mais velha deveria se responsabilizar pelas atividades da casa e pelo cuidado dos irmãos. Os pais trabalhavam como comerciantes, inclusive finais de semana e feriados. Seu pai sempre lhe exigiu ser a melhor nos estudos, afinal não queria que sua filha não tivesse uma formação acadêmica como ele. Na juventude, começou a trabalhar para pagar pelos estudos e não teve muito tempo para relacionamentos duradouros. Basicamente sua vida foi uma tentativa de alcançar as expectativas dos pais com o comprimento perfeito de suas responsabilidades/obrigações, com pouco tempo para relações duradouras. A sobrecarga emocional tornou-se em sintoma em sua vida atualmente e a descoberta das possíveis causas de seus sintomas em desânimo profundo.

 

AGORA VAMOS RETOMAR UMA ANÁLISE SOBRE O DESANIMO DOMINICAL:

vamos analisar o desânimo do domingo à noite a partir de duas perspectivas: causas psicodinâmicas e a do diagnóstico - DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).

1. Perspectiva Psicodinâmica

  • Conflito Interno: O desânimo do domingo à noite pode ser interpretado como um conflito interno entre o desejo de liberdade e prazer, que geralmente se associa ao fim de semana, e a obrigação e responsabilidade que o trabalho traz na segunda-feira. Esse sentimento pode refletir a luta entre o desejo de satisfação pessoal e as expectativas sociais ou profissionais.

  • Anticipação e Ansiedade: A antecipação do trabalho na segunda-feira pode gerar ansiedade, levando a uma sensação de impotência e desânimo. A psicodinâmica considera que esses sentimentos podem estar relacionados a experiências passadas, normas internalizadas e pressões sociais que criam um estado de mal-estar psicológico.

2. Perspectiva do DSM

  • Fadiga ou Sintomas de Ansiedade: Do ponto de vista do DSM, esse desânimo pode manifestar-se como sintoma de ansiedade relacionada ao trabalho, que é um aspecto do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) ou do Transtorno de Ansiedade de Separação em adultos. O desânimo pode ser um indicativo de que a pessoa pode estar enfrentando dificuldades emocionais que precisam ser avaliadas. Outro ponto que pode ser considerado é a Síndrome de Burnout (mas essa síndrome merece um artigo só seu).

  • Impacto Funcional: Se o desânimo do domingo à noite for persistente, afetando a qualidade de vida, o desempenho no trabalho e as relações pessoais, pode ser um sinal de um transtorno depressivo. A avaliação pode revelar se esses sentimentos se enquadram nos critérios diagnósticos para condições mais severas que exigem intervenção profissional.


Essas duas abordagens oferecem uma compreensão abrangente do fenômeno do desânimo dominical, reconhecendo tanto os aspectos emocionais profundos quanto as implicações comportamentais e diagnósticas.


COMO POSSO INTERVIR PARA PREVENIR O ESTRESSE E O DESÂNIMO?


1. Gerenciamento do Tempo

  • Priorize Tarefas: Faça uma lista de tarefas, classificando-as por importância e urgência para evitar a sobrecarga. Evite iniciar várias tarefas sem concluir as anteriores.

  • Defina Limites: Determine horas específicas para trabalho e estudo, e respeite esses limites. Descansar também é um compromisso!

2. Autocuidado

  • Atividades de Lazer: Reserve tempo para hobbies e atividades que você gosta, como ler, praticar esportes ou sair com amigos. Tenha certeza que são atividades para lazer e não tentativas de fuga de um possível conflito.

  • Rotina Saudável: Estabeleça uma rotina que inclua sono adequado (mínimo 8h por noite), alimentação balanceada e exercícios físicos regulares.

3. Técnicas de Relaxamento

  • Meditação: Pratique a meditação para reduzir a ansiedade e aumentar a consciência do momento presente.

  • Exercícios de Respiração: Utilize técnicas de respiração para ajudar a acalmar a mente em momentos de estresse e ansiedade.

4. Estabelecimento de Conexões Sociais

  • Fortaleça Relações: Mantenha contato regular com amigos e familiares, planejando encontros ou conversas, mesmo que virtuais.

  • Participe de Grupos: Envolva-se em grupos ou atividades sociais que lhe interessem, promovendo uma rede de apoio.

5. Autocompaixão e Autoaceitação

  • Desenvolva a Autocompaixão: Pratique ser gentil consigo mesmo, reconhecendo que todos enfrentam dificuldades e que não é necessário se cobrar excessivamente, você não precisar provar nada a ninguém, mas pela sua saúde é necessário manter um bom equilibro, e um rendimento estável já é o suficiente.

6. Psicoterapia

  • Terapia Regular: Considere a psicoterapia, como regular, para explorar emoções e padrões comportamentais que contribuem para o estresse e desânimo.

  • Autoconsciência: A psicoterapia ajuda a aumentar a autoconsciência e a desenvolver estratégias saudáveis para lidar com desafios emocionais. Numa psicoterapia encontra-se acolhimento e apoio emocional, além de confidencialidade e respeito pelas informações compartilhadas.


Se você se identificou com o caso ilustrado e sentiu que as características apresentadas foram de encontro com sua história de vida e sentimentos atuais, não hesite em procurar ajuda. Entre em contato e agende sua primeira consulta. Juntos podemos pensar possibilidades de transformação real para restaurar seu bem-estar emocional e trazer mais alegria para sua vida.

 
 
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